O Atropelado
Para Adriana Martins
um homem morreu atropelado
o sangue entornava
sobre os pálidos sentimentos
dos transeuntes
e todos enrubesceram de emoção
e surgiram em todos os olhos
velas e flores infindáveis
a indignação ante a morte inexplicável
corroeu os cartões-de-visita
de cada um
e a morte teve seus dias contados . . .
as emoções se estenderam pela cidade
entraram pelas casas
e sentaram-se nas mesas
colaram-se nas paredes
cobertas de jornais
e aboliu-se a morte inexplicável
outras mortes
não se encontravam nos jornais
mortos de fome, porém
são mortos explicáveis
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1) Publicado no livro "Incêndio Menor" - Ed. do autor - Rio de Janeiro - 1981 - pp. 42.
2) Publicado em "Poesias ao Sabor do Vento" - http://www.bchicomendes.com/dcarrara/atropela.htm