Sem Saída

É uma vida sem saída,

sem esperança de um dia poder sorrir, poder cantar,

sempre a miséria a esperar.

O rosto pálido, cheio de marcas

que o tempo deixou ficar,

num corpo magro que ainda teima

em se sustentar.

Olhos marejados das lágrimas

que ainda vertem no olhar cansado de tanto ver

filhos famintos a suplicar,

pelo pão que não conseguiu ganhar!

Mãos calejadas a implorar

por um trabalho para que possa sustentar

aqueles filhos que tanto ama

mas que lhes falta o principal

que o alimento primordial

para saciar-lhes a fome visceral.

Com tanta gente a esbanjar,

pobre coitado, pobre pai,

sem esperança, sem futuro,

fica a pensar,

que mal eu fiz para pagar

por tanta fome,

tanta miséria,

morrendo aos poucos

junto com os seus,

não há saída

não há saída!