Da Intifada e laicos pormenores
a primeira manhã
é palestina
rubra temporada
de homens e metralhadoras
e uma noite que teima
em ser quase menina
a primeira manhã
é morte e esperança
laica displicência
de uma conjuntura vã
a primeira manhã
é palestina
em cores desregradas
trançadas a muque
na rasa madrugada
mísseis e dramas
em conjugação disforme
uma tristeza tanta
uma saudade enorme
dos dias que não viveu
de mortes já truncadas
da cara geral da luta
do canto geral de nada
garça a vida
em vôo displicente
nos rios que nunca árabes
se quiseram das gentes
grave a morte
em cambulhadas
traste da manhã
teúda e armada
magra a flor
das esperanças
arábicos logaritmos
da pouquidão do trânsito
a primeira manhã
é palestina
súbita revoada
dos pássaros atômicos
da palavra
a primeira manhã
é palestina
e quão desarvorada
como o abraço contundente
da noite mais avara
a primeira manhã
é estrela das estradas
rugindo no colo da noite
a grande intifada.