Paisagem

a estrela

pousada no ombro da tarde

tinha a mesma textura do tempo

descontrolada em vão na sua idade

e tanto mais brilhasse

era mais singela

afagando o dorso do navio insone

que escrevia horizontes

na arcada geral da minha fome

e porque fosse tanta

era assim tão limitada

que cabia inteira no meu olho

e me perdia pela alma

era estrela

envolvida com o infinito

com a mesma desfaçatez

e a restrição de um grito

e eu queria a estrela

para jogá-la no bolso

e tocá-la distraidamente

nas tardes do meu desconforto.