É ANTES DO GRITO QUE VEM A VOZ

É antes do grito que vem a voz

esperada desde sempre pelos

povos oprimidos e reduzidos a

pouco mais que nada e à miséria.

A palavra assim cuspida na parede

da desgraça, desmorona o muro

que se ergue forte e imponente

ante a plebe moribunda.

Derrubado o muro a palavra surge

hierática, desenvolvendo

mecanismos de defesa contra

a nova Inquisição instalada.

O povo sai à rua, de cabeça erguida

e de punho cerrado, contra todas

as ofensas dos demagogos e dos

déspotas, fantasmas hereditários.

A luta é brava e sem tréguas mas o

povo não desiste de lutar pelo que

julgam seu de direito, depois de

anos e anos de exploração patriarcal.

Soltam-se os poetas de suas imundas

masmorras e serão eles que irão dar

novo sentido à vida, à palavra

«liberdade», liberta das garras dos impunes.

O povo cadavérico pelo sofrimento

atroz, abraça-se aos poetas e numa roda

de fogo, sacodem o medo com um

simples gesto de ombros.

Já nada nem ninguém pára as gentes

eufóricas, agora que recuperaram

sua voz, que vai entre o silêncio e a

boca, antes amordaçada pelos tiranos.

Dêem-nos o pleno direito de viver

um pé de terra para cada um trabalhar…

Alimentado o povo que escorraça a ralé

para os confins esmagadores da cidade.

Jorge Humberto

03/04/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 04/04/2010
Código do texto: T2176786
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.