O brasil dorme nas calçadas
E o país a passos largos cresce
A economia se fortalece
As exportações disparam
As instituições financeiras reinam
A hecatombe se anuncia
O lucro vai para os bolsos
Dos endinheirados
Dos empolados políticos
Dos grupos empresariais
No limite extremo da sobrevivência
O abismo social irreversível
Separa a pobreza
Da doce fatia do bolo
Enquanto doleiros se deleitam
A criminalidade aumenta
O estado assiste inoperante
O comercio de bebidas se agiganta
A burguesia se acovarda
Os cemitérios florecem
Tambores tocam
Rifles cantam
Beatas oram
Pagadores de promessas marcham
A televisão emburrece o povo
Jovens se revoltam
Criam barreiras nas avenidas
Não existe perspectiva
Garantida de trabalho
As universidades são eletistas
Conviver com o insucesso
Com a morosidade da justiça
Com a violência policial
Traz angústia mortal
Induz a luta de classes
As gargantas dos intelectuais estão secas
As cidades se tornam
Campos de batalha
De hordas furiosas
Sem teto protestam
Sem terra acampam nas praças
Jornais coloridos de sangue
Bens de consumo
Aposentadoria
Tratamento médico
Lazer , moradia
São sonhos sem esperança
Pessoas vivem do lixo
Familias se separam
Igrejas prosperam
A degradação moral varre as ruas
A discriminação prolifera
Favelas explodem
O Brasil dorme nas calçadas
Novembro 2005