Os severinos
Os severinos
Olhos da cor do céu
Cabelos de algodão
Nas costas, tantos janeiros,
Na fala, tanta fraqueza,
No olhar, profunda tristeza.
Passos lentos,
Passos trôpegos.
Uma bengala na mão
Aponta sete crianças
Desnutridas, pés no chão
Como sete severinos
Que só conhecem o não.
Não têm pai,
Não têm o pão,
Não têm roupa
Nem sapato.
Se tivessem sapatinhos,
Poderiam até deixá-los
Na janela do quintal
Pra esperar Papai Noel
Numa noite de Natal.
A velhinha, que é mãe
Da avó das sete crianças,
Com um gesto governante,
Levanta a bengala e diz:
Vão pra escola, crianças!
Não tenho nada na vida
Pra lhes deixar como herança.
E com seus olhos azuis
Parados no azul do tempo
A velhinha, em sua cadeira
Espera o tempo passar.
As crianças vão crescer,
E ela vai dormir em paz