Oh Deus, perdoa-me, sou ingrato!...

Tanto grito maldizendo por aí.

Tanto sonho aos pedaços pelo chão.

Muita gente escrevendo seu destino sem razão...

Debaixo do viaduto, criança sem berço mora ali.

Aonde foi parar, oh Pai, a sua gente?!

Desesperançado, perdeu a fé... Não é mais crente?

Oh Deus, por quê há tanto sofrimento?!

Filhinhos pequenos, desnutridos, abandonados.

Aonde está teu juramento?

Pra entrar em teu reino tem que voltar a ser criança...

Há tantos pequeninos nas ruas, alamedas, como farrapos!

Eu não entendo... Ás vezes, perco a fé e a minha esperança.

Oh Deus, perdoa-me, sou ingrato!...

Quem sou eu para sabatinar o teu destino?

Mas, fico sem compreender esse fato.

Eu sofro com as crianças sem famílias.

Só entra no teu reino o coração menino.

Aqui, muitas crianças sequer tem um prato de comida.