COMPLACÊNCIA* **

preso e livre entre quatro portas

donde vem o vento frio angustido

adonde vai meu espírito imbuído

pelas ruas brancas de gentes tortas

vai, e caminha além-vida

tropeça nas dores de um choro rouco

dum homem mais que livre e louco

por quem a esperança mais garrida

o tempo em ser tempo... Um caduco

no caminho à dor explícita do mendigo

é um espelho? Mas parece comigo

sobrevivo à luta em me disfarçar eunuco

esvai-se estúpido em relento, o ideal frio

a palavra vã do mais que louco espanto

é grito covarde, amando em acalanto...

aonde vai? Ao meu e teu olhar sombrio

Em 25 de maio de 2006

*Publicado nos Cadernos Canoenses em Agosto de 2006 - CANOAS -RS

** Publicado no Site da CBJE, sessão Poetas da Vez; 05/08/2007