Anjos corrompidos

Ah, esses olhinhos pequeninos!

Olhinhos de anjo.

Olhinhos que deveriam ver apenas coisa bonitas, mas que acabam presenciando as mais feias violências.

Ah, essas mãozinhas pequeninas!

Mãozinhas de anjo.

Mãozinhas, que deveriam permanecer puras e inocentes, mas que acabam feridas e maltratadas.

Ah, esse seu rostinho tão belo e tão puro!

Rostinho de anjo!

Rostinho que deveria expressar apenas a alegria de um sorriso, mas que acaba esboçando a tristeza de uma lágrima.

Ah, essa sua boquinha pequenina.

Boquinha que só deveria se abrir para recitar poesias ou cantar a beleza de uma canção.

Boquinha que só deveria falar de sonhos, de alegria e de fantasia.

Boquinha, que de tanto ouvir xingamentos e de tanto ser ofendida, só aprendeu a xingar.

Ah, e os olhinhos que só presenciaram violência, para as belezas da vida já não conseguem mais olhar.

E as mãozinhas, que tanto foram maltratadas e machucadas, desaprenderam a acariciar e a amar; mas aprenderam a bater e a também os outros machucar.

E o rosto que deveria sorrir, mas acabou aprendendo a chorar: esse rosto agora sabe fingir e até manipular.

E a boquinha pequenina jamais recitou uma poesia, mas aprendeu a ameaçar e violentamente aos outros agredir.

E aquelas mãozinhas tão pequeninas, jamais aprendeu aos outros acariciar, mas aprendeu desde cedo a atirar, e agora pode qualquer um, vir a matar.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 24/05/2010
Código do texto: T2276171
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