O RONDÓ E O PÊNDULO

Eu oscilo dentro de mim

Quando ouço um silêncio duvidoso por entre a multidão.

Se as vontades são desiguais,

O grito é um uivo de solidão.

Eu oscilo dentro de mim

Quando separo a luz da escuridão.

Meu desejo é resgatar o homem

Da prisão das vastidões.

Eu oscilo dentro de mim

Quando visito a pobreza,

O abandono, o gesto leviano.

E eles me povoam a cada instante.

Eu oscilo dentro de mim

Como os homens e seus barcos

Por mares bravios

Vazios de peixes e mitos.

Eu oscilo dentro de mim

No consolo dos bares cheios

Com seus cálices secos de vinhos

Embebidos na falta de um fim.

Eu oscilo dentro de mim

Indo e vindo

Como um pêndulo

Na vertigem magnética do medo.

Eu oscilo dentro de mim

Como em rondó mal-resolvido,

Me repetindo em desequilíbrio;

E a alma fica tonta,

Perde o ritmo,

Em sonho sem rima

Rodopia

E foge da vida.

( Em "Enlevar para Elevar" -COLETÂNEA 2)

Carmem Teresa Elias
Enviado por Carmem Teresa Elias em 09/06/2010
Código do texto: T2310172
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