(Ilustração Diógenes diante de Alexandre da Macedónia)

Ainda Assim

Ainda que os ventos carreguem meus declamares coesos,meus devaneios intitulados de espertos, e toda minha inebriante inspiração, aplacadoras dos sociais tenebrosos anestésicos que não se injeta diuturnamente em vão;

Ainda que minhas mãos calejadas do doer poético, minha memória não recorde os caminhos incertos de meus mais salutares galgares certos da tão necessária libertação;

Ainda que a voz se cale diante de algum censurar hipotético, e as palavras trêmulas se percam nos calabouços da inexatidão a duras penas da odiosa castração;

Ainda que os holofotes embacem o meu enxergar indigesto, que as mentes não assimilem os meus camuflados versos estimuladores dos pensares sãos;

Ainda que um palco não comporte o meu pensar mais cético, de nossas liberdades vigiadas ao pretexto de mais circo e pão, e que não caiba meus sonhares avessos aos olhos da disfarçada dominação;

Ainda que as cortinas se fechem, que o sistema mantenha os carneirinhos inertes em frente a uma televisão,oferecendo os seus pensamentos inversos, e o consumismo exarcebado e fétido, guilhotinas subliminares que os degolarão;

Ainda assim, diante desses tantos caos da submissão, haverá muitos pensantes discretos, variados poetas do deserto, propagando a revolução, ser livre em um país decerto há de ser em comunhão, o pensar mesmo que desconexo em um só brado é o caminho certo para vencer esta rebelião, devoraremos os tantos lobos famintos, oportunos e perversos, com apenas a indagação.


Salve a indagação ousada de Diógenes, o Cínico,salve!

O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 16/06/2010
Reeditado em 11/02/2011
Código do texto: T2323998
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