A resenha de uma bala perdida

A bala perdida

Voa livre bélica, feroz e nociva,

Rasgando o espaço num curto tempo

É uma irresponsável, louca e agressiva,

Nasceu da explosão, virou fragmento...

~

E vem numa desabalada alucinada,

A artista da morte, procurando picadeiro

Tentando atuar o princípio do nada,

Ate encontrar seu momento derradeiro...

~

De uma mira que sem querer se erra,

Fez um corpo cair por terra

Sem saber o que lhe acertou...

~

E nenhuma lágrima derramou,

Não teve um beijo de despedida

Sustenido, por uma bala perdida...

A bala e a vitima

Ela cruzou por todos os cantos,

Ninguém sabe de onde venho

Causou medo, em olhos o espanto,

E a angustia que também tenho...

~

Mas encontrou um alvo escondido,

Sentado à mesa em meio ao jantar

Ele ainda gritou, a se sentir atingido,

Mas antes de cair, já se posse a calar...

~

A bala perdida, fora encontrada,

E ela vem tão somente do nada

E a outro inocente calou...

~

Mas o estampido ainda ecoou,

No som da quebra da vidraça,

Esparramando ali, a sua desgraça...

A bala sem culpado

Ovelha negra, corrompida de sentimento,

Não sabe se acusa, ou sê é acusado

Foi desferida por qualquer elemento,

Em tiros ao esmo de um fogo cruzado...

~

Necrosada defunta, a morte é seu leito,

O seu grito é alarmante, e cruza por mim

Tira da vida o verdadeiro direito,

Dando a alguns que não merecem, um fim...

~

Sendas pela angustia terrena,

Do medo és poderosa, és plena

Contaminando com seu veneno...

~

És como um ato obsceno,

Vestida com sua mortalha de chumbo

Para banir mais um inocente do mundo...

Marco Ramos

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 09/06/2005
Código do texto: T23327