O Assalto

A noite escura da arma assaltante

Aponta para um peito surpreso

e lá dentro um coração pulsante

geme melancólico como pássaro indefeso

A noite escura da arma assaltante

apareceu sem aviso, apareceu de repente,

surgiu do nada, surgiu num instante,

enegreceu a promessa de um dia inocente

A tranqüilidade que antes havia

já não há mais

Os morcegos vieram à luz do dia

e as pombas levaram a paz

Um medo áspero e grudento

Se aloja no coração

traz consigo o tormento

de um grito na escuridão

A noite escura da arma criminosa

conduz para um lugar sombrio,

talvez uma passagem cavernosa

dominada pelo frio

Nessa noite escura,

Não há luz que dura

e o único brilho

vem do aperto do gatilho

Por isso, leva carro, dinheiro,

relógio, celular

Se tudo é passageiro,

pra que se importar?

Como onda devoradora

de um mar agitado

a mão recolhedora

pega tudo de bom grado

Tensão.

A noite escura da arma assaltante,

da arma criminosa

balança hesitante

parecendo perigosa.

Passeia para os lados

diante de olhos assustados

A vida está por um fio

Nesse local tranqüilo e vazio.

É triste

ver que isso persiste,

aceitar que tal injustiça resiste,

saber que a luz já não existe.

A noite escura recua.

Amanhece depressa ali na rua.

Mas esse é o brilho da realidade nua e crua.

Alex Nunes
Enviado por Alex Nunes em 01/07/2010
Código do texto: T2351905