Soldos

(fui um trabalho escolar para fazer um rap sobre negros, mas acabou virando poesia)

Mais uma história urbana

Já não é mais protesto

A verdade é

Meu manifesto

Meu irmão, sei

É o que me resta

Um dia de terror

Um não só: milhões

Você diz que é amor

Ou não, é só fome

Existem outras coisas

Que vão além de um homem

Um filho por exemplo

E o que é? Não sei

Sem mãe um momento

O que é que eu farei?

Dizem que é lindo o vento

Mas não me conformei

Cadeia sufocante

Isso não me abala

A morte apavorante

Não minha, me cala

A tropa eu já vi antes

A elite.. não sei nada

Se você desmaia

Dê mil graças a Deus

Primeira chamada

E esquece os filhos seus

O último que cai

È o último que chega

Não chega aos pés de Hitler

Não chega aos pés de Gandhi

Aqui não tem mais lugar para super-homem

Seja negro

Todos sentidos

Seja preto

Todos irmãos

Não chega aos pés de Hitler

Não chega aos pés de Gandhi

Aqui não tem mais lugar para super homem

Finalmente iguais

Você diria sim

Talvez nada mais

Pois não sofreu por mim

Mas aqui não é nada

Lá fora é bem mais frio

Não chega aos pés de Hitler

Não chega aos pés de Gandhi

Aqui não tem mais lugar para super-homem

Seja negro

Todos sentidos

Seja preto

Todos irmãos

Não chega aos pés de Hitler

Não chega aos pés de Gandhi

Aqui não tem mais lugar para super homem

Você foi errado

Aqui ninguém é certo

Vai, se liga, otário

Vira homem, fica esperto

Mas não me ouça mais

Não são Jesus, sou negro

Olha aqueles homens

Estão todos armados

Não, nunca se esconda

Nem fique admirado

Forem baratas tontas

Você que lucra e paga

A arma sempre compra

O que o dinheiro, não

Comprou morte longe

Pagou só solidão?

Fecharam nossa conta

Fechamos nossas mãos

Ir à um restaurante

O lar vento arrombou

Chamar quem, os homens?

Mas homem eu também sou

Não vou morrer de fome

A fome demorou

Montanhas tão altas

Confundem-se com a gente

Pra quê? Desmatadas...

O homem veio, e o verde

E logo a gente acaba

Já branco, sem veneno

Olha o pó da terra

Abaixa esse ombro, otário

Olha pra essas pedras:

Favela sem asfalto

Eu digo: amigos matam

Disse: colegas cegam

Ronaldo Polo
Enviado por Ronaldo Polo em 06/07/2010
Reeditado em 06/07/2010
Código do texto: T2361230
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