Todas as mãos são iguais

Por que ficarei quieto diante

do preconceito e da indiferença?

Serei eu o poeta de um mundo caduco

quando outro não quis ser?

Os dias presentes estão entre nós

com seus laços, nos envolvendo

com suas armadilhas, nos reunindo

para além dos braços dados.

Eu não ficarei quieto e romântico

diante da fome, do roubo e da doença.

Nosso tempo não permite calar-me

nem fazer rima para servir à arte.

O tempo presente é de dizer, de mãos cheias,

que com elas fazemos a parte que nos cabe

pois sou um homem de meu tempo

com todo o amor e o sentimento do mundo.