Ode ao Homem do Mangue

Recife tem cheiro de sangue e suor

Daqueles guerreiros que se criaram sós

Nasceram da lama, dela construíram castelos

Dela crescem e sobrevivem, meninos, homens e velhos

Liberdade é palavra difícil de se ouvir

Pra quem existe no mangue e não pensa em desistir

Palavras mais conhecidas são fome e labuta

Resumem suas vidas em uma palavra: Luta!

Alimentam a esperança com a carne do caranguejo

Renovam a sobrevida, alimentando o desejo

Na carne do homem da lama, quase sem carne,

O esteriótipo avesso da cidade

Sob o sol forte e o fervor do mormaço

Os pés descalços, como que com botas de aço

Não emitem um só gemido, ou grito de socorro

Caminham sobre a lama, dentro dela, como se pisassem ouro