Luto

Luto

A cor do poema brasileiro que brota do meu peito

É roxa púrpura

É sem gosto em agosto do cachorro louco

A latir na tela da tv

Vês?

Ladram, mas não mordem

Quem morde é o leão

Como furacão cães comem e se fartam

Ou não farta nunca para a boca de cão faminto?

Pobres cães, pobre cão que adotei que leva o mesmo como adjetivo

Qualificativo de:

Podre, ignóbil, fingidor, comedor, antropófago

Afago no povo

Povoando a tela sorrisos amarelos

E brota do meu peito como uma roda

Curral, cabresto, colonial

Mordia, escondia, roubava, fingia

E nada muda

Emudeço diante da tela, diante do roxo poema púrpuro

Luto meu

Não há luta, não há partidos

Há união de interesses em comerem do mesmo prato

Na tela da tv , foi dada a partida