DIGAM AOS SEUS FILHOS QUE EU EXISTI
 
Quando eu morrer
Que a minha voz não se cale
Escrevam minhas palavras nos muros
Nas paredes das casas
Nas calçadas, outdoors
Nos bancos das praças.
 
A minha poesia é poesia de rua
É dos cães e gatos vadios
É da árvore solitária
É do campo e da cidade
É dos guetos e favelas
É sedenta, nua e crua
Ela é minha e também é tua.
 
É colorida e é cinza
Preto e branco e incolor
Fala de sonhos e desejos
Esperanças e alegrias
Mas também de frustrações e dor.
 
É poesia de preto e pobre
Dos descamisados
Dos doentes e excluídos
Dos marginalizados
Das putas e gays
Das minorias
Famintos
Dos desesperados.
 
É poesia real
É tapa na cara
É revolta e desilusão
É sede de viver
É loucura
É furor
Certo ou errado
Seja como for
É o que eu vivo e vivi
E se tiverem coragem
Digam aos seus filhos
Que me conheceram
Que um dia eu existi.