MEUS AMIGOS DE VENTURA

Esses, que vivem dobrados em quatro,

numa esquina qualquer,

é meu o seu tímido relato,

a força que eu suponho ter.

Pobres; de desdita ventura,

o que comer, onde aprouver,

torna-se em vil aventura,

lado a lado com o que eu tiver.

Na roda da vida são esquecidos,

escorraçados pelo mau querer;

vou com eles envolvidos,

nos versos que eu costumo dizer.

E todos juntos, bonitas memórias,

escutam eles, de olhos tristes;

são grandes e inúmeras vitórias,

Se a seu lado ainda persistes.

E vão em união pelas ruas a dentro,

invocando os seus direitos

e deveres; a questão está no centro,

destes seres, por Deuses eleitos.

Que nós não soubemos cuidar,

nem prezar a sua privacidade;

por isso nos entregamos ao olvidar,

e no olvido à falta de liberdade.

Ergamos o nosso punho ao ar,

sejamos solidários por quem nada tem,

que aqui o que é preciso é ousar,

para que os omitidos sejam alguém.

Estarei sempre ao lado dos mendigos,

dando o que tenho e o que não tenho;

mas uma coisa é certa, eles são parecidos

connosco, de encanto tamanho.

Jorge Humberto

23/10/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 23/10/2010
Código do texto: T2573976
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