Nômades Metropolitanos
Hoje o lençol fino será minha cama
Estou longe de todo luxo, vivo na lama
O que irá me aquecer é uma mera fogueira
Vou dividir um pão duro com a família inteira
Nômade metropolitano no centro da desigualdade
Eles desfilam uma vida surreal, enquanto sou a realidade
O inverno chegou, trouxe com ele meu pesadelo
Vejo meu filho tremer de frio, tive medo
Dei pra ele meu único cobertor, sujo e rascado
Não aquece, mas o cobre enquanto estiver deitado
Acordo antes mesmo de o sol nascer
Puxo uma carroça para tentar sobreviver
Meus filhos pegam lata, não estão na escola
Minha mulher, com o bebe que de fome chora
Nem esse choro sensibiliza a população
Fecham o vidro, aceleram o carro, não esboçam reação
Meu cabelo grisalho demonstra minha situação
Não tenho endereço fixo, vivo na base do improviso
De madeira é feito meu barraco embaixo do viaduto
Ontem choveu forte quase perdi o que não tenho
Quase que o pouco que tenho vira entulho
Sou nômade metropolitano sonhando com uma vida digna
Hoje o lençol fino será minha cama
Sou apenas mais um numero de vida sub-humana
Vi amigos morrerem sem ao menos vir ambulância
É só menos um indigente, nesse cenário deprimente
Igual a mim por aí tem um monte
Dormindo ao relento nas ruas de baixo de pontes