Eu Travestido Do Nada

Acordei com um fervoroso intento de não destoar com nada, e com este desejo insano resolvi me fantasiar do nada, calça de marca bem passada, camisa caríssima calculadamente despojada, sapato italiano minha ardilosa jogada, óculos Rebain na cara, nada me para, sai em busca de encontrar o nada, tal qual a minha fantasia futilmente arquitetada, eu travestido do nada, agindo e pensando como se não pensasse nada, ouvi músicas diversas que não me acrescentaram em nada, presenciei demasiadas conversas nadificadas em palavras, eu ali era o nada, transmutação bem pensada, nada aprendi sorrindo por nada, após, algumas doses o nada já não me restava, fiquei deslocado com aquela persona astutamente inventada, rasguei assim os meus trajes e desisti de bancar o nada, passei a ser alguém em uma sociedade concretamente mascarada.



Poeta Cazuza,Salve!!
O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 11/12/2010
Reeditado em 16/10/2015
Código do texto: T2666079
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