Guerra Urbana...

Ao relento fico a orar.

Meu rebento a chorar.

O que posso fazer se vivo nessa metrópole de pavor,

sem um pingo da torneira do amor.

Rojões,

tufões de balas.

enroladas no manto do desespero,

surfando na onda do medo.

Sobra ganância.

Falta experança.

Minha criança

esta perdendo sua infância.

Não posso nem olhar pela janela,

minhas têmporas tremem,

minha arma me chama,

proteção sempre?

Nem sempre...

A dor da perda já é comum.

Sacrifícios pelo que comer.

-Mulher não chore mais,

há um futuro bom

para se viver,

resista, não fique para trás.

Sobreviver a essa guerra urbana,

estou chegando a insanidade.

O que quero de verdade,

é de paz criar uma grande aliança.

Ignorância minha achar que isso é possível,

mas lutar por algo nunca é desperdício.

-Todo mundo pro chão, pro chão.

-Calma meu rapaz, qual o por que disso tudo?

-Você me pergunta o por quê!

Qual a tua coroa,

perdeu a conciência.

Se eu fosse você

não perguntaria sobre isso,

sobre essa vida de cão.

-Calma,calma, não pergunto mais nada.

-Mas já que você quer saber,

conto toda minha história,

só não quero que

sinta pena.

Eu nasci

em uma trincheira

chamada

favela.

Cresci

tendo que

trabalhar

nela.

Vendi

cocaína,

êxtase,

Maconha.

Tomei

tiro,

tapa na cara,

fiquei com vergonha.

E você com essa vida de rei ainda quer saber?

-Vida de rei não tenho,

o governo leva todo meu dinheiro.

Todo mundo tem vida dificíl,

isso não explica o seu 'suícidio'.

Trabalho o mês inteiro,

para ser roubado,

por: de um lado o governo,

e de outro você.

-Desculpa meu senhor,

mas não volto atrás,

meu filho está com fome,

não sei o que faço mais.

Essa convers não leva a nada,

eu estou ficando com raiva.

-Meu fil...

Pahhhhhh.

...

E mais uma vez uma vida perdida,

porque ninguém acha a saída

dessa cidade em guerrilha

que vai matar

a todos

nós...