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REFLEXÕES VAGAS


Acordo. Outro dia.
Toda segunda-feira
é sempre segunda-feira,
mas é outro dia.
Um dia a mais ou a menos.
Menos pólvora, menos neném,
ou mais...
Traços, riscos, linhas.
Batalhas e canivetes,
pivetes e canhões.
Respiro ar puro
do muro,
pulado afim de ecologia,
ecossistema, agonia...
E agora, mudo a caneta.
Eu queria escrever vermelho,
mas terei que contentar-me
com o azul,
que não são
dos olhos de ninguém,
nem do mar
nem do céu.
Do céu, só cai chuva
e aviões...
Ai os meus pulmões...
Não diga adeus.
Riscos.
Gáspite!
Riscos.
Um traço de inteligência,
um troço de pedir clemência,
e o mundo dá em troco
aquela cicatriz: Um filho.
Vertigens, soluços, impulsos,
a vida te guia...
Gáspite! (de velho)
Gáspite! (de novo)
(não sei pra quê estas merdas)
Entro no bolodoro
e me adoro
no meio desses papos caretas,
gritos de adultos,
choro de crianças...
Sou Poeta, pô! Porreta...
Amanhã será outro dia
e eu me encho de esperança
e de medo, porque o outro dia
é um futuro incerto,
inseguro, insano...
(este insano eu não aguento,
mereçe um gáspite!).
Salvador, Bahia.
Brigas por uma bolacha na porta da igreja,
forró no rádio,
descontração na cerveja,
choros futuros,
hóstia para o pecador.
Salvador, meu amor, Bahia.
Folia, suor e filas...
Chuvas repentinas,
merdas nas latrinas...
Ah, as minhas narinas...
Soteropolitanos! metropolitanos!
Haja prefeito para dar jeito.


22.05.1989