Des-construção

*"Um dia o epíteto do que fomos será pronunciado por alguém"*

Cego para as dores

Fecundo, em habilidades

Almejadas

Tudo que se apraz

Mesmo que condenável

Ao mais decrépito desejo, satisfaz

A ambição inata

Que pulsa, vivifica,

estrangula, escarifica

Tônica de toda vida

do sonho ao desdém,

Desvirginada,

mas ainda púdica,

Reservada

Sem reservas

Nesse presente

o futuro é dado

como instante-presente,

aos homens presentes,

Futuro, fruto esperado

do presente inconseqüente

Imponderável.

Aspirantes, utópicos,

refratários, reacionários

desistentes

Falam, reagem

Sucumbem

Ao sonho

de uma ambição,

Discursos

Discursos

Logo discorre-se o tempo

em letras mortas

E o amor? é lindo,

e celebrado

Do apogeu ao esquecimento,

em adoração e escárnio

Todos sentem,

dele professam

Logo,

Torna-se réu e delinqüente

de mãos insanas

que simulam o que

no coração há,

Atônitos, débeis

convencidos, conformados

celerados

Já não sabem

o que esperar

A novidade rugosa,

A fé que incandesce

simula, destoa e suporta

A alma já banida

essência de homem recolhida, em

paráfrases, metáforas e alegorias

Conceitos que persistem

Sentimentos que se extraviam

Dia a dia se vai

a esperança

do homem em decúbito,

que só conhece sua dor

Olha-se ao redor,

há ausência em tudo

Menos,

Na permanente dor

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 13/01/2011
Reeditado em 13/01/2011
Código do texto: T2725925