Meninos de Rua

Em memória dos menores mortos por

policiais na Candelária(Rio), em

julho de 1993.

Meninos de rua

Filhos do desprezo,

Filhos da incoerência

Filhos da irresponsabilidade de um país.

Que culpa têm eles?

Como condená-los?

Que país lhes oferecemos?

Que país é esse?

Meninos de rua

Filhos da solidão

Filhos do descaso

Filhos do comodismo.

Não podemos condená-los

Se nada fazemos para ajudá-los.

Que policiais são esses

Que assassinam menores

Sem, ao menos, dar-lhes

O direito de defesa?

Será que eles têm filhos,

Ou são movidos pelo instinto

Da inconsciência e da impunidade?

Esse é o dramático retrato

De um país delinquente

De seres brutais

Em pleno século XX.

Poema escrito em 31 de setembro de 1993.

Livro Segredos da Solidão, pág. 43.

GENERINO GABRIEL
Enviado por GENERINO GABRIEL em 01/11/2006
Reeditado em 18/02/2013
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