O lamento de um obreiro (em rimas dissonantes).
Quisera eu gostar do que não gosto,
quisera que meu gosto fosse um poço
aonde eu pudesse o que não posso,
Mas o espelho não mudará meu rosto,
Se eu não mudá-lo antes, aposto.
O que eu não escolho é a contragosto,
Da fruta que cuspiram, herdei o caroço
E de uma vez, então, me emposso
Tomo o que me pertence, o meu posto,
E trabalho, não reclamo, não me encosto.