O PÁROCO NO SANTO OFICIO

Pelo poder do divino

eu te batizo,

não em nome do pai

bêbado,

nem em nome do filho

bandido,

mas por respeito

a tua puta mãe

que te pariu entre

um cigarro e uma canção.

Tu não sabes o como sorria

vendo-te sair pequenininho

de entre as pernas.

Carregou-te no colo

e as luzes e os aplausos se confundiram

na sua última performance.

Beijou-te a fronte,

incumbindo a mim, único pároco,

responsável tanto por batizar

quanto por enterrar,

a alcunha de teu preceptor.

Não te chores por ela ter sido

prostituta...

Chores porque se foi

pois não havia médicos

para putas,

nem emprego, casa, alimento,

cobertor ou moral,

chore pois só havia o mal

e um único pároco para todas elas...

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 28/03/2011
Reeditado em 07/07/2022
Código do texto: T2875508
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