DESMORONAR AS PRATELEIRAS

- Não!

Hoje os pólos vão mudar. Todas as vidas já mudaram. Uma essência entorpecente tomou forma nas almas.

A voz desde pequena com gotas de maldade.

SERENIDADE: Um personagem de conto de fadas com pudor e inocência. Uma moça vestida de rosa que transpira nuvens de lavanda.

Talvez todas as coisas já mudaram, as tropas já tropeçaram e um punhal risonho recortou os sonhos em formato de compromissos. Uma colagem de colegial, primária entre os primeiros e desgastada feito o desgosto.

PACIÊNCIA: Uma idosa de óculos fazendo tricô, esperando o dia passar, acreditando que tudo vai dar certo sempre com seus movimentos cansados.

As janelas todas fechadas, uma obra toda fechada. Um rosto vem do nada de tanto pro nada olhar.

São as mesmas janelas que vigiam você, formando mais camadas.

Eu que faço o tempo lamber os continentes, eu que desmorono todas as caixas de chocolate da prateleira do seu ego.

HONRA: Uma esfera brilhosa de vidro, muito luminosa que cada um carrega em um lugar diferente do corpo, e quanto mais alto se coloca, mais fácil ela quebra.

Um toque mágico de qualquer coisa pra melhorar o dia – o que é o melhor? Um simples qualquer dia pra tornar a coisa mais mágica. Abrimos buracos pra colocar os mártires, abrimos os braços pra coletar os males, abrimos as portas jurando que o clima vai mudar. Fechamos a cabeça e os olhos pra realizar algo que basta apenas imaginar.

SABEDORIA: É conhecer um pouco de coisas mundo diferentes, das quais todo mundo conhece nada.

As esperas fixando-se ao cérebro como maquiagem a prova d’agua. Os pensamentos enrolando-se como fios de telefone fixo.

Porque uma vida inteira sempre vai no lixo por cause de uma atitude pela metade.

Porque uma palavra inteira pode ser apenas sorriso quando se tem vontade.

Porque quando a gente precisa, a gente entende... Todos em momentos muito diferentes. Cada um no seu, sofrendo por etapas.

HUMANIDADE: uma caridosa sorridente alegrando crianças carentes, quando a maldade, toda a perversidade, infelizmente é muito mais natural e humana.

- Sim!

Douglas Tedesco – 05.04.2011