Tragédia em Realengo

Faltam doze apóstolos na mesa

Sobram doze pães

Um Judas, uma celebridade

Crucificações...pra sobremesa!

Pra se fortalecer o intento

É preciso um agente laranja

Infiltrado no mal do humano

É o menino bomba o exemplo terminal

A censura está a caminho

É o boi de piranha um simples menino

Muitos anjinhos morreram sim mais o motim

Está além do que os olhos conseguem ver!

É preciso morrer cem com a boca no terminal

Pra que afinal possam colocar na catedral

Algemas no ser livre atemporal

A justiça pune o menino com ideia sepulcral

Não há em mim um jejuar de Judas

No pão nosso de cada dia

Há um ponte embutida

Nesta rotina da hipocrisia

Vemos o que somos pela lente da televisão

Nos plantam estações

Mais os torturados somos nós mesmos

Implodindo em nossas construções

Tudo é uma manobra para nos tolhir

Sinto sim pelas vítimas

Mais jamais hei de me redimir

O mundo está perdido em lástima

Sepulcram seres como galinhas no abate

Estamos nesta selvageria

Neste massacre

Ondas de terrorismo e ataque!

Tudo é uma manobra com sotaque

A internet é a grande vilã

Ao meu ver é tudo um truque

Pra tirar de nós este grande ecrã

Não mais suporto fingimento

É sanguinolento este censurar

Querem nos boicotar como se fossemos jumento

Mais temos é que unificar...

Paremos de chorar pelos perdidos

Reunamos forças armadas se preciso

Até quando seremos abatidos???

Vamos abrir os olhos

Está nascendo algo de muito estranho

Paremos de ser rebanhos

A poesia precisa ser um manancial

Não esta coisa que dedilhamos

É uma força sutil mas imparcial

Não este medo em que todos mergulhamos!

Façamos poesias

Como maresia se fazem

Façamos a parte

Em que a noite se reparte no dia!

(Nada se compara em sermos livres, chega de camisa de força)

Jasper Carvalho

(Abril de 2011)

*Esquerda Marxista - [Daniel Feldmann] "Mas todo o drama é que o sonho americano não existe sem a sua contraface de pesadelo: uma sociedade que, a despeito de sua vitalidade e de suas virtudes, tem claros sinais de paranoia e senilidade, frutos dos valores capitalistas..."

Antes de ficar marcado pela horrível tragédia em que Wellington Menezes de Oliveira matou doze crianças e feriu outras doze e depois foi baleado por um policial na Escola Municipal Tasso de Silveira, o bairro do Realengo no Rio havia sido imortalizado na célebre canção de Gilberto Gil

“Aquele abraço”:

“O Rio de Janeiro continua lindo

O Rio de Janeiro continua sendo

O Rio de Janeiro fevereiro e março

Alô, alô Realengo, aquele abraço...”

(*Fonte: diárioliberdade.org)

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 09/04/2011
Reeditado em 09/04/2011
Código do texto: T2897967
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