Corra! (lá vem o carro preto)

Corra.

Corra que lá vem

o carro preto dobrando a esquina.

Eu não tô devendo nada pra ninguém...

mas a violência da cidade nos torna reféns.

Reféns do medo.

Reféns do desprezo e do descaso

das autoridades competentes

cada vez mais autoritárias

quando o assunto é mandar bala

pra todos os lados.

Corra.

Corra que lá vem

o carro preto dobrando a esquina.

O que será que essas pessoas pensam

quando apontam suas armas pra tirar a vida de alguém?

Será que estão se vingando?

Descontando as suas frustações?

Será que se sentem melhores

quando o dia raia e eles leem

as manchetes nos jornais...

será que eles conseguem dormir em paz?

Corra.

Corra que lá vem

o carro preto dobrando a esquina.

Todos somos alvos.

Todos somos vítimas.

Não há nenhuma lógica

nessa loucura aleatória...

mais uma noite vem chegando

e o medo vai tomando conta da população...

que não sabe mais o que fazer

pra sobreviver.

Corra.

Denis Correia Ferreira

13/04/2011-17:22

N.D.A.: Este texto foi concebido como letra de música.

Ele é um protesto contra essa violência gratuita que invadiu as nossas vidas nos privando não apenas do nosso direito de ir e vir, mas também o de viver.

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