Condomínio

Nasce ligeira a manhã,

com ela as impertinências

das vozes no primeiro andar

dissociadas de descrição.

Às sete as crianças se vão

o atraso desperta antes

que os mais atentos percebam

seus efeitos,

As velhas se encontram

pra mais um mofo de mexerico,

sabem de cor, quem sai, quem entra

tudo em um instante,

Ode a moça elegante do sorriso caprichado

e atributos divinais, que sozinha se descabela,

no quarto é verdadeiro, na varanda torna-se exagero

Dizem os ouvidos probatórios.

Não há novidade!o oficio quinzenal

se sai bem como coluneta de jornal

vomita o ranço, e aprimora o vitupério,

Queixa-se da galhofa das crianças

Queixa-se da ausência de gentilismo

Queixa-se do barulho de escarro

e do nojo excessivo,

Tolerância de boca, não é emitida

pra bom entendedor, um olhar basta;

a animosidade não é garantia,

divagação nas contas a pagar

é combustão para a própria

tirania.

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 22/04/2011
Código do texto: T2923600