A lua no horizonte
Toda noite
Cheio de dúvidas e sentimentos
Atravesso a ponte da Freguesia
De um lado para outro
Caminho no mesmo passo
Embaixo corre um rio sujo
Entre folhas quase secas
As flores se escondem
Tenho medo de quem se aproxima
Mas não de quem se afasta
Não é apenas a fome que mata
Todos somos ameaçados pela violência
E atacados por regras e leis
Contratos e condições de sobrevivência
A sociedade não nutre
Nossas carências e necessidades
Toda noite
Nas marginais congestionadas
Trânsito pesado
De um lado para o outro
A cidade se movimenta
Sem se importar com as angústias
Das pessoas dependuradas nos ônibus
Que voltam cansadas do trabalho