NESTA INDOLOR SELVA DE CONCRETO

Nessa insensível  selva de concreto
Completamente superlotada
Com todo tipo de vida humana...
Os humanos estão sempre apressados!
Vão e vêm, a toda hora
As vezes no mesmo transporte
Porém, nunca se conhecem...
Ninguém sabe quem é quem?
E eu, nessa corrida diária...
Me sinto completamente só...
Minha companhia são meus pensamentos...

Há incompletude nessa minha vida
Que sem querer de fato correr tanto
Acabei por escolher esse jeito de viver
Sinto angústia e insatisfação
Por aqui tem tantas coisas que não aceito
E que finjo não perceber...
Pra não murchar meu coração
Calor humano pouco se sente
A intolerância vive a reinar
E nesse meio me sinto mal
Lá no meu reino o amor reinava

A natureza daqui é linda!
Mas do concreto pouco saímos
Nos falta tempo para o lazer
Nunca podemos de fato admirá-la
Na simplicidade em que se mostra
Tarefas sempre  a nos prender!
E a nossa vida segue a correr
Correr! Correr! Correr...
Aqui tem sol abrasador
Que aquece a todos sem preconceito
E seu calor vem nos dourar
Mesmo que a gente nunca  perceba

Nos dias frios, chuva incessante
Selva cinzenta chora em segredo
Concreto mudo se entristece...
Calor humano desaparece...
E nosso Sol deixa saudades
Do céu azul que se esconde.
Só para as nuvens poder molhar
Essa cidade ensolarada

Viver aqui é meu destino
Se é que ele de fato existe?
Lá  no meu campo muito faltava
E foram as faltas que me forçaram
A mudar-me pra essa selva...
Selva que não é verde!
Mas de concreto insensível...
E com essa Selva não me acostumo
Irei morrer no saudosismo...

Os animais daqui são presos!
Só alguns pássaros estão libertos
E não têm pra eles lugar seguro
Para fazerem seus próprios ninhos
E por isso os fazem em qualquer lugar...
Não! Eu não posso fingir minha dor
E por isso, prefiro minha selva
Aquela que tem duas caras
Uma é seca... Quase sem vidas...
A outra é  verde e toda florida
Lá muitas coisas sempre nos faltam
Só o amor nunca  se vai
Porque conosco vive a morar
Calor humano se  tem demais
E a felicidade brota com as flores...
***
Fátima Alves( Poetisa da Caatinga)
Natal,13.04.2011
Texto publicado no meu 4º livro "Letras de Caatingueira"
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 04/05/2011
Reeditado em 29/05/2018
Código do texto: T2949910
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