Eu quero a chuva

Eu quero a chuva, mas não tuas lágrimas,

Pois nelas há a poesia que não escrevi.

Há os anjos vendidos nas esquinas,

Há medo que você vê, mas que eu não vi...

~

Eu quero a chuva, mas não a tua dor,

Pois nele há palavras que me foram esquecidas,

Algumas desencontradas do contexto AMOR,

Pois como você, por mim também foram perdidas...

~

Eu quero a chuva, pois eu tenho vergonha!

Ao ter ver na rua entre a ralé e a peçonha!

Deste mal que se encontra a lhe bater...

~*~

Criança, e eu? Diga-me o que posso fazer?

Não quero lhe ver pelo mundo se perder!

Em meio à chuva, desta história enfadonha...

~*~

Eu quero a chuva, mas não o teu grito,

Nem seu lamento de fome, ou a sua cara suja.

Eu não quero nenhum sentimento maldito,

E nem seu sorriso que aos poucos enferruja...

~

Porque criança, queria-te com a liberdade divina,

Brincando com a vida, em teu modo de viver,

Com um sorriso que só a verdade ilumina,

Eclodido pela alegria, deste teu jeito de ser...

~*~

Mas nunca como um anjo ferido,

Que do céu parece ter caído,

Por entre as nuvens de algodão!

~*~

Pois eu só quero a chuva na imensidão!

Doada por Deus, como absolvição,

Há qualquer pecado que tu tenhas cometido...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 30/06/2005
Código do texto: T29520