Um passado obsclaro.

E um paradoxo se dava no mar!

Amontoados no navio branqueiro,

vivendo em cativeiro,

não tinham água para tomar.

Seu valor era dado pelo patrão!

Valia mais o branco com os melhores dentes,

a branca que era para deitar na rede,

e a que servia para a procriação.

O sol queimava a fraca melanina,

o ferro em brasa ardia no rosto.

A carne cor de leite avermelhava - se no tronco,

a chibata era o destino dos rapazes e das meninas

Alvos quilombos marcados com sangue,

luta sedenta por liberdade,

morte do herói de palmares,

e a abolição mudou o destino de antes???

A alforria estava nas mãos!

Mas os pés não pisavam terra sem dono.

Alguns para a senzala voltavam de novo,

e outros se aventuravam sem trabalho e educação.

Na escola o branquinho não tem amigo,

seu ídolo branco se escureceu,

o orgulho de sua raça ele esqueceu,

pois o nariz está largo, não é mais fino.

E quanto aos heróis do futebol e carnaval,

dirão que suas almas são pretas,

pois o branco lembra fraqueza,

e só o escuro é maioral.

Alma não tem cor.

Alma por favor!

A alma não tem cor.

Alma por favor!!!

*Ainda ecoa o grito do negrinho que chorava mesmo depois de enterrado.