QUEM SOU EU?

Sou parte de um povo valente

Sou a luta pela sobrevivência

Sou da nação Pankararé, Fulniô, Tuxá

Sou a cultura Pataxó, Xucuru, Karajá.

Eu era um, entre os cinco milhões

Sou apenas um em trezentos mil...

Aculturado me julgavam

Até fui considerado animal

Talvez por natural.

Mas não fui eu que inventei

O veneno mais que mortal

Que veio de Portugal.

Eu aqui vivia...

A caça, o cultivo, a pesca

Eram o meu labutar.

Seria eu selvagem

Por não me deixar escravizar?

Quando essa terra nem era Brasil

Eu falava a língua de gente

Vivia uma vida real

E isso me parecia normal.

Mas aí veio o homem civilizado...

Numa manhã de abril

Ele descobriu o Brasil!?

Não! Ele apenas me vestiu

No entanto, me despiu

Da minha verdadeira essência...

Será que isso ninguém viu?

Mas como "todo dia é dia de índio"

Continuo a minha batalha

Na defesa do meu mundo

Tão massacrado, devastado

Por acefálicos civilizados.

Este poema foi escrito em 27/08/99, em Salvador/BA

e está no livro Segredos da Solidão, pág. 11.

GENERINO GABRIEL
Enviado por GENERINO GABRIEL em 03/12/2006
Reeditado em 18/02/2013
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