poeminha desdizente das mercadológicas razões
a página do sítio
regurgita
a extrema modernidade
que explicita
tudo que lhe é invés
desacredita
coisas do passado...
trogloditas...
nada é mais tanto
que o botão dourado
da nova máquina
que se afirma
a notícia
na sua estampa
é muito mais fecunda
do que se disse
é que na bunda da atriz
ainda há celulite
nada mais profano
e nada menos humano
do que desacerto tal
a que se assiste
o sítio
terceiriza a vida
impunemente
nada do que é humano
perpassa sua mensagem
adredemente
o sítio
embora não diga
inventa um dia
de bytes coloridos
e consome o homem
no reclame geral
de seus sentidos
o sítio não pensa
como dizia
antes convence
dessa simetria
que tenta igualar a todos
no mercado geral
da hipocrisia
produtos agora são homens
de manipulada serventia
que obedecem a suas máquinas
na estranha desarticulação
da lógica e da vida
nos bits
não há espaço
o bem e o mal
cedem o passo
tudo que é rentável
é capaz de ser abraço
há um fuzil sempre esperando
o alvo do seu desate
e nem importa que o assassinato
atinja a cidade
a morte é apenas um detalhe
que justifica o produto
e suas propriedades
o cantor
de bemóis tão resumidos
canta pelas roupas e é em tudo
o que consegue vender
pelos mercados do mundo
e é de vê-lo resmungando
nos microfones da vida
os barulhos que inventa
com alguma música ao fundo
ludibriando os ouvidos
num estranho absurdo
o estado no sítio
religioso e terrorista
espalha balas traçantes
pela vida
tudo que lhe tange
é a simples constatação
de que deus é mais um soldado
da sua revolução
matar é quase um dever
da democracia latente
que teima em ser liberdade
inventar esse presente
de expandir os negócios
de forma mais consistente
levando `a mercadoria
a condição de ser gente
a ética
restringe-se `a norma
de parecer condizente
com o que o sítio informa
todo rei é um parasita
mas registre-se a certeza
sua majestade é apenas
um produto da natureza
e nada mais rentável
no mercado resistente
que a saia de uma princesa
numa festa beneficente
do sítio
tem-se a impressão
de um futuro
que está `a mão
é certo que um pouco podre
e com certo quê de ilusão
do sítio
registre-se o fato
de poder-se adivinhar
qualquer realidade
nem é preciso pensar
que a gente ainda pode
raciocinar com a razão
assim como hipótese
no sítio finalmente
existe a contradição
de que ao homem não cabe
descontruir a razão
antes há de tê-la vivente
nos bytes do coração
navegando humanamente
a sua revolução.