Diáspora negra

Perdi meu grito de guerra

No bojo, minha língua materna e minha canção.

Além mar ficou minha terra;

Meus familiares, cultura e nação.

Como José, fui entregue aos portugueses

Em troca de faca, espelho e aguardente

No porão de navio passei messes

Ainda fui marcado a ferro quente

Pensei que era a terra dos mortos, a América.

Pois eu só conhecia homens negros

Tentei atravessar o mar, e voltar à áfrica

E deixar o mundo dos espíritos e seus segredos

Porém, eu fui recapturado

E depois das palavras que eu não entendia

Fui amarrado ao troco e chicoteado

Assim na colheita de café e cana terminei meu dia.

Sucumbi, mais deixei uma semente na historia

Da qual nasceu uma nova cultura, uma nova nação

Cheguei nu, porém fértil veio minha memória

Nessa nova língua, vou batucar uma nova canção.

Ao som dos tambores, um grito de amor

Sem distinção de cultura, raça e religião

Sem distinção de continente, pais e cor

De índio, de branco e de todos, eu sou irmão.

Gilmar Queiroz
Enviado por Gilmar Queiroz em 19/10/2011
Reeditado em 30/06/2017
Código do texto: T3285570
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