NADAÇÃO
 
Nada, vida, nada,
Nada na dança das ondas do mar de lágrimas
Nada na danada da tormenta que atormenta
Nada na data alternada das calendas gregas
Nada na dadeira a quem se come e se consome a fome
 
Nada, vida, nada
Nada daqui, nada dali, nada dalém, nada daquém, nada d’acolá
Nada na dama da noite que à noite dá
Na bordunada levada do nada, na granada mal arremessada
Nada na Esplanada, nada no Planalto, nada no Sem-nado, sem coordenada
Nada alma penada nada
Nada na jornada já nadada e inda infindada
 
Nada, vida, nada
Nada e tenta uma guinada,
Nada de braçada, de pernada e rabanada
Nada na vida insubordinada
Nada na grasnada da manada dos sem-nada
Na embrionada que vem danada e motivada pra nadar
Nadar, nadar, nadar, nadar
 
Até que finde a jornada
Na hora indeterminada do nada
E se constate
Emocionada, consternada, transtornada,
Que tudo o quanto sempre se nada sem noção
Dá-se em nada.
Dá-se em vão.
Dá-se em
 
DANAÇÃO


 
 
Oldney Lopes©