Poesia Assassina

Vou sufocar você,

Deixando sem ar,

Até o pescoço ceder,

Roxo por asfixiar.

Cortar sua garganta,

Deixar o sangue escorrer,

Abrindo uma vala profana,

Minha fonte de sofrer.

Quebrar seus ossos,

Com pancadas violentas,

Despedaçando corpos,

Torturarei sem pena.

Pegarei seus cabelos,

Arrancados tufos de fios,

Decepando seus dedos,

Dando choques em seus mamilos.

Pauladas que esmagam sua fronte,

Quebrando os dentes,

Castrando as genitálias em gesto cortante,

Apresentando um sorriso doente.

Em arte cirúrgica,

Expondo os órgãos,

Banhando em sangria,

Vendo o que muitos ignoram.

Estuprando mulheres,

Homens, crianças,

Penetração que não arrefece,

Prolongadas matanças.

Abrindo feridas,

Provocando a dor,

Comendo carne de vítimas,

Despedaçando com primor.

Perfurações profundas,

Dilacerando peles,

Queimando criaturas,

Deixando-as entregues.

Tiros ecoando em crânios,

Mordaças que prendem a circulação,

Clima de terror que causa pânico,

Perseguindo presas na escuridão.

Observando a pessoa morta,

Antes viva,

Senhor que determina a derrota,

Carrasco artista.

Facadas brutais,

Cadáveres ocultados,

Notícias em jornais,

Nada de sentir-se culpado.

Joga-se alguém de um prédio,

Atropela-se um pedestre,

Ajuda um suicida que foge do tédio,

Matando se diverte.

O matador equilibra a sociedade,

Abaixa os índices de natalidade,

Atua onde é preciso existir maldade,

Produz o medo com majestade.

Pode ser um em potencial,

Aquele sujeito que se revela,

Atirando a esmo no colegial,

Ou se profissionalizando em favelas.

Alguns ingressam na lei,

Policiais com passe livre de morte,

Autorizados pela força que o Estado fez,

Destruição que em sensacionalismo é ibope.

As religiões consagram seus fanáticos,

Divina providência que concede o direito,

A Inquisição fez sua justiça de dogmáticos,

Fogueiras de corpos para encobrir torpes segredos.

Em nosso nacionalismo tivemos aval de genocídio,

As grandes guerras que o digam,

Cidadãos empenhados no horror habitual estatístico,

De mãos dadas, fabricamos atos que nos prejudicam.

Não julguemos nossos homicidas,

Seria mais ético reconhecermos em nós mesmos,

Essas características destrutivas,

Em vez de fazê-los bodes expiatórios desse falso pesadelo.