OTIMISMO OBRIGADO

Nem o mais pessimista, pôde prever nosso futuro.

Toda a população resumida a um assunto.

Plebeus, nobres e burgueses juntos pela primeira vez.

Pretos e brancos lado a lado, como um tabuleiro de xadrez.

Oprimido e opressor, de mãos dadas como se fossem irmãos.

Todos os partidos coligados, despreocupados com a eleição.

Unânimes em nossa única forma de patriotismo.

Usando nossa água ardente, num novo ritual de batismo.

Presidente e presidiário, atados pela mesma declaração.

Cem por cento da população, preocupada com escalação.

Segurados e servidores esqueceram-se da paralisação.

Enquanto nosso canário industrial, identifica o nível de poluição.

Esperanças derrubadas, estraçalhadas por tratores.

Que no caso pouco importa, para a bolsa de valores.

Qualquer pessoa se torna inimputável.

Basta um canudo e um doutorado.

Historiadores desconfiam de Homero.

E condenam sem razão o Governo de Tibério.

A igreja se rendendo no decorrer dos anos.

Mostrando que os papas originaram os tiranos.

A vida não mais imita a arte.

Quem disse que existe vida em marte?

A temida morte é recebida como presente.

Por um daqueles africanos desdentados sorridentes.

A globalização ultrapassou todos os Trópicos.

E como uma epidemia ela se torna o nosso ópio.

Nosso intelectual chefe de Estado, acaba de assinar um mal tratado.

Mas isso não foi revelado, pois ele decretou um novo feriado.

Uma passeata pedindo paz reuniu milhares no calçadão.

Na Bastilha de Bangu estourou uma nova rebelião.

Respiramos a morbidez e padecemos de sensatez.

Vivendo de tudo que é maldade e literalmente morrendo de saudade.

RSollberg
Enviado por RSollberg em 02/11/2011
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