O menino e seu boné

Era uma vez um menino

Que era pobre e pequeno

Umas roupas sujas

Cobriam o seu raquítico corpo moreno.

Um dia esse menino sem fé

Caminhando descalço pela rua

Por acaso achou um boné

E o pôs na sua cabeça nua.

Mas na primeira esquina

De sua casa no caminho

Quando contente ia embora

Tomaram seu bonezinho.

E como esse menino chorou!

Mas nada havia de ser feito

Ele até que lutou

Mas o outro era mais forte não houve jeito.

E nas muitas coisas

Que se passam na vida

O tempo para esse menino se passou

E a vingança lhe foi oferecida.

Foi num dia quente

Caminhando pela rua

Quando de repente

Viu seu boné numa cabeça sem ser a sua.

E na primeira esquina

Foi ele fazer espreita

E retomou o seu boné

Pronto, a vingança estava feita.

Já não era mais aquele menino

Pobre, pequeno, raquítico moreno sem sorte

Aprendera com o destino

E agora era forte.

Mas a vingança é um doce prato

Que provoca indigestão

E o menino e seu boné

Confirmaram essa popular citação.

Foi em um dia normal

Da estação das flores

Que o menino e o seu boné banal

Perderam as cores.

Foi num momento imbecil da vida

Numa cruel paisagem urbana

Que o menino e seu boné

Foram atropelados pela máquina inumana.

O menino ficou no meio do asfalto

E o boné cobriu-lhe o sangue da cabeça

Sua alma foi para o céu alto

Enquanto o corpo ficou na terra espessa.

Foi o fim desse menino

Que morreu sem tempo para dor

E o símbolo do seu boné

Era o símbolo da paz e do amor.

Cícero

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 18/11/2011
Código do texto: T3343128
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