Guerra urbana
Ouço um barulho de freada forte
Levanto do sofá e vou olhar a rua
Mais um inocente conheceu a morte
E não vai mais ver estrelas nem lua.
D’outro lado um carro capotado
Em volta, sangue e um monte de gente
No volante um playboy embriagado
No asfalto um corpo pobre e indigente.
Não, não é cena de cinema ou novela
É a luta da dura realidade humana
A que dá ibope para a grande tela
Só mais uma batalha da guerra urbana.
Em qualquer rua, em qualquer praça
Um mendigo qualquer estende a mão
Nem olho, não participo desta desgraça
Esmola não alivia a miséria de coração.
Não, não é cena de cinema ou novela
É a luta da dura realidade humana
A que dá ibope para a grande tela
Só mais uma batalha da guerra urbana.
Numa rua ouço o grito de uma senhora
Alguém puxou a bolsa da sua mão
Saiu correndo rápido pela rua afora
Iniciando assim uma inútil perseguição.
Noutro lugar, que a rua, mais seguro
A caneta passeia suave pelo papel
Atitude que define o rumo do futuro
De quem precisa do açúcar e bebe o fel.
Não, não é cena de cinema ou novela
É a luta da dura realidade humana
A que dá ibope para a grande tela
Só mais uma batalha da guerra urbana.
Eu teria muitas outras cenas a dizer
Mas fica por conta de cada imaginação
Pois todo espaço é pouco para descrever
Todas as batalhas desta guerra sem razão.
Cícero – 20-12-05