Prá Seca Não Há Dúvida
Não é arte, nem é gente
Não se esconde e nada sente
Não vem da crença; vem da semente
Reza a miséria aqui presente
Rumo e raiz (tem não)
Pois a seca rachou este chão
Nem late a cadela baleia
Correu e fugiu da perreia
É carregado de seca
É chão torrado que racha
É pé rachado que o trechão corta
É barriga que ignora uma vaca morta
Se reza é pra santo (manda chuva)
Se come é feijão na água pura
Se lava são trapos quase na lama
Se colhe é amor porque se ama
Homem tem calo de mandioca
Mulher dá conta do roçado
Menino corre picula com baleia na porta
Menina quer ver além do cercado