Eu ando descalço

Entre as escuras ruas caminha o límpido

Na calçada, os sapatos conversam com as calças.

Medo do mundo, estado de sitio social,

Será homem, matéria ou material?

O hálito pálido e cáustico já está quase sem fôlego;

Exprimido, exaurido no tempo.

Palavras se perdem em meio a tanta prudência;

Esperneados no côncavo vão da liberdade.

A máquina jorra óleo até quase o ultimo parafuso

E os sapatos, eles ainda falam com as calças.

O alimento que consome o homem;

O pêssego, a cânfora, o lírio e o ácaro.

Dos míopes olhos, tímidos e mortos de fome,

As lagrimas já não escorrem mais.

O límpido homem, único e ultimo,

Navega entre arquipélagos escondidos da mágoa, do lixo, do luxo e do homem.

A cor dos olhos, o cabelo, a barba e o bigode não falam,

Entretanto, os sapatos conversam com as calças.

A máscara não cai, o pendulo que se desfaz;

Recôndito, ridículo e solitário, o musico canta suas glórias.

As arvores que envolvem os pássaros,

Relâmpagos que quebram seus braços,

Único é o que escapa, e realmente escapa,

E voa, voa, voa, voa.

O íntegro o único, esdrúxulo, mas vivo.

Nu, descalço e andando na areia;

Agora já não se ouve nada;

Nem sapatos nem calças, só o som das ondas do mar.

Iloivas
Enviado por Iloivas em 12/01/2007
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