In-son"h"a

Ele não pode sonhar alto,

É baixinho;

Nem fingir que é feliz

Pois não tem dente;

Nem correr atrás do sonho,

Está descalço

Há espinho no caminho

Pela frente.

Ele não pode reclamar,

Não tem letras,

Nem contar suas dores

Infeliz-mente.

O céu é igual para todos,

Dizem a ele,

Mas ele sabe que o seu

É diferente.

Ele sabe que sua noite

Não tem lua,

Sabe também que seu dia

É doente.

E não pode reclamar

A sina sua,

Deita, insonha, cala, a dor,

Só, sente.

Ele não pode nem ser ele,

Coitadinho!

Vive a fingir, numa vida

In-diferente.

Vai lentando atrás do sonho,

E os espinhos

Vão calçando seu caminho

Pela frente.

Júlia Carrilho Lisieux
Enviado por Júlia Carrilho Lisieux em 14/01/2007
Reeditado em 30/07/2008
Código do texto: T346675
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