Cidade do Sono
Tempestade de outubro,
Coisa rara...
Trovões e raios fazem-se ouvir.
O vento forte me encabula toda a noite,
E a cidade toda a dormir.
Foi sempre assim, e acho que será sempre.
Pra onde é que iremos ir?
Se ficamos parados assim intactos,
Sem tentar nem desistir.
Contudo ainda há pessoas
Que defendem outra opinião.
São esses filhos da ingenuidade.
São esses seres sem razão.
Dorme cidade maldita
Seu sono de escravidão.
Quem sabe ainda chegará o dia,
Que tu sairás dessa repressão.
São tantas histórias que ainda me lembro,
A maioria delas mera utopia,
Terra de cego quem tem um olho é rei.
Bem que o ditado dizia.
Ainda não sei nem por que
Desperdiço essa minha poesia.
Será por pena de tudo,
Ou simplesmente por ironia?
Procuro a resposta, mas é tudo em vão.
Acho que é tudo somente indignação.
Dorme cidade maldita
Seu sono de escravidão.
Quem sabe ainda chegará o dia,
Que tu sairás da depressão.
Morre a noite num funeral melancólico.
Avançam-se as horas e o silêncio continua.
Tudo parece inerte ao passar do tempo.
Os bairros ,as casa, as ruas.
A mesma praça, os mesmos bancos,
As mesmas imagens de anos atrás.
Parece tudo perpetualizado,
Parecem que as coisas são imortais.
Como crescer por aqui,
Se ninguém pensa em crescimento?
Sonhar parece ser brincadeira,
Em meio a tanto descontentamento.
Dorme cidade maldita
Seu sono de escravidão.
Quem sabe chegará o dia,
Que tu brilharas como um clarão.
Tempestade de outubro.
Coisa rara...
A cidade dorme em sono sepulcral,
A cena é assim sempre a mesma.
E assim prossegue-se o funeral.
Raios que se fazem ouvir me dão medo.
Acho que sempre existirá esse mal.
Dorme cidade maldita
Seu sono de escravidão,
Acho que seu destino,
É viver sempre nessa escuridão.