Monstros S.A.

A favor do contra, Tudo bom! Se tiver ruim.

Blusas com estampa de Ernesto.

Manifesto,

Motim,

Mas com quem gastar meu latim?

Se for o fim... Do sistema opressor.

Pra quem falar poucas e boas?

Se ninguém zoa... Minha cor,

Classe, religião.

Sem crise,

Ninguém há sob as marquises,

Mendigando pão,

Boa educação,

Saúde, lazer...

Saneamento básico.

O que fazer?...

Sem os problemas clássicos.

Como regar caixa e bumbo?

Terra infértil,

Há muito não chove projétil,

De chumbo.

O que moverá o moinho.

Se ninguém sangra?

A quem prestar tributo,

Como trajar luto,

Se não dão panos pra manga?

Já não carecem de miçangas,

Plumas, paetês, mascarar semblante ranzinza.

A alegria não dura quatro dias somente.

É subseqüente,

A quarta-feira de cinzas.

Daí brindam a vida...

Sacam a morte feito rolha.

Viram a página, outra história é redigida...

Caneta não chora sobre as folhas.

Epitáfios, mórbida literatura.

Quem há de compor a fúnebre marcha,

Passaram uma borracha,

Nas sombrias partituras,

Da nossa ópera.

Mudaram o disco,

Preferem os dois filhos de Francisco:

"É o amor!" Perspectiva mais próspera.

Monstros S.A.,

Nos movemos com a energia que há... No grito de quem sofre.

Talvez então o melhor mesmo seja a base parar,

E que essa seja a última estrofe.