SONHOS DE PAPEL

Na boca da madrugada,
Para muitos, tranqüilidade,
Para alguns, labores,
E lá se vão... os catadores!
De sonhos, de papéis,
Conduzindo seus “automóveis”,
Movidos a suores e pobreza.
E lá se vão... nas estreitezas,
Nas estranhezas da cidade,
Empoeirada, quase calada,
Corpos cansados,
Almas desamparadas.
E lá se vão... os catadores!
Entre a miséria e os anseios,
Servos, noturnos, instáveis,
Com seus carrinhos cheios,
Com suas vidas vazias,
Cumprindo mais uma jornada,
Uma luta desgraçada,
Pelas migalhas de cada dia..
E lá se vão... recolhidos,
Feitos bichos assustados,
À condição de coitados,
Passando despercebidos,
Pela “estável” sociedade.